Sindhobar - Cominicação

Bares e restaurantes alegam que atingiram limite financeiro e podem fechar

O Velvet Pub é mais uma casa da noite brasiliense que fecha as portas(foto: @romulojuracy/CB/D.A Press)

Perto de completar 80 dias com as portas fechadas, muitos donos de bares e restaurantes do Distrito Federal estão perto do limite financeiro e correm o risco de encerrar as atividades. Representantes do setor vêm tentando marcar reunião com o governador Ibaneis Rocha (MDB) para definir uma data de reabertura. Apesar do esforço de entidades do setor, como a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e o Sindicato Patronal de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), até o momento não houve movimento do GDF.

 
Entre os mais de 360 anúncios de falência, a maioria é de pequenos negócios que não sobreviveram ao período. Para não fazer parte desta estatística, os empresários Lucas Rodrigues e Matheus Rodrigues, da Hamburgueria dos Anões, dispensaram funcionários e colocaram a mão na massa. “Para a gente, que é pequeno, é mais complicado. Poucas pessoas conhecem, tivemos que renegociar muitas coisas, como aluguel. Hoje, o nosso foco é o delivery”, afirma.
 
A empresa dos amigos completou um ano ontem, e, mesmo com as dificuldades, a dupla não pensa em desistir do negócio. “Estamos pensando em aderir ao programa de crédito do BRB e na esperança de um decreto melhor do governo federal, com juros menores”, explica Lucas.
O tradicional Beirute também mudou as estratégias. “A gente trabalhava com delivery, mas era algo complementar, agora é o nosso foco principal. Além disso, criamos o drive, um serviço de atendimento rápido na frente das nossas lojas, respeitando, é claro, todos os protocolos de contenção à covid-19”, detalha Francisco Emílio, proprietário do estabelecimento.
 
Apesar das ações de venda, ele admite que foi preciso fazer demissões “A queda no nosso rendimento foi de 70%. Agora, estamos no limite. Demitimos, nas duas casas que temos, uma parte da nossa equipe, uma outra a gente está com contrato suspenso que acaba agora, e outra parte demos férias coletivas. Não queremos demitir nosso pessoal, mas vamos ver como será”.
 
Para o presidente do Sindohbar, Jael Antônio, não há outra solução, além da definição da data, para evitar novas demissões. “Não tem como prorrogar a medida provisória que acaba essa semana para a suspensão dos contratos por mais 60 dias. Ela está parada no Senado e não sabemos quanto tempo vai levar para ser analisada. Enquanto isso, os funcionários vão voltar para os estabelecimentos e o patrão vai fazer o quê? Sem renda para manter os contratos? Vai demitir”, alerta.
 
Porta fechada 
 
Durante 10 anos, o Velvet Pub, na 102 Norte, abriu espaço para o universo das músicas alternativas e eletrônicas em um ambiente que prezava pela diversidade cultural do Distrito Federal. É desse jeito que boa parte dos frequentadores e artistas que passaram pela casa noturna se lembrarão do espaço que fecha as portas por conta da crise financeira durante a pandemia do novo coronavírus.
 
“Tínhamos, lá, uma das únicas noites em Brasília com a bandeira de resistência LGBTQIA+. Mas, recebíamos, também, um público que não era desta comunidade. Por isso, o Velvet era tão plural. Sempre prezamos pelo respeito a todos”, relembra o Dj residente Tonny Carvalho, que trabalhou no local por nove anos.
 
O anúncio do encerramento das atividades foi divulgado pelas redes sociais. A decisão ocorreu pela falta de recursos. “Tentamos de todas as formas manter as portas abertas, mas, infelizmente, a pandemia e a ineficiência do governo brasileiro para oferecer suporte às pequenas e microempresas nos atingiu de uma maneira que nos fez tomar essa difícil decisão”, informa nota publicada na internet. Por enquanto, a equipe do Velvet não quis se pronunciar de outro modo.
 
Também Dj residente da casa noturna, Dj Maraskin atuou no pub desde o início das atividades. Foram mais de 400 eventos à frente das picapes, comandando noites agitadas com sets de pop rock. “É com muita tristeza que recebo essa notícia.  É lamentável não poder voltar”, afirma.
 
*Estagiária sob supervisão de José Carlos Vieira